Minh’alma, de sonhar-te,
anda perdida
Meus olhos andam
cegos de te ver !
Não és sequer a
razão do meu viver,
Pois que tu és já
toda a minha vida !
Não vejo nada assim
enlouquecida ...
Passo no mundo,
meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história
tantas vezes lida !
"Tudo no mundo é frágil,
tudo passa ...
"Quando me dizem isto,
toda a graça
Duma boca divina
fala em mim !
E, olhos postos em ti,
digo de rastros :
"Ah ! Podem voar mundos,
morrer astros,
Que tu és como Deus :
Princípio e Fim ! ..."
Florbela Espanca
Livro de Soror Saudade (1923)
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