quinta-feira, 26 de abril de 2007

Reflexão


Há certas almas

como as borboletas,

cuja fragilidade

de asas não resiste

ao mais leve contato,

que deixam ficar

pedaços pelos dedos

que as tocam.



Em seu vôo de ideal,

deslumbram olhos,

atraem as vistas: perseguem-nas,

alcançam-nas, detem-nas,

mas, quase sempre,

por saciedade ou piedade,

libertam-nas outra vez.



Ela, porém, não voam

como dantes, ficam vazias

de si mesmas,

cheias de desalento...



Almas e borboletas,

não fosse a tentação

das cousas rasas;

- o amor de néctar,

- o néctar do amor,

e pairaríamos nos

cimosseduzindo do alto,

admirando de longe!...



Gilka Machado
(in Sublimação, 1928)

Um comentário:

Elis disse...

Joana,
Adorei o Blog. É sugestivo, tem um visual muito bonito e, além de tudo, é poético.
Parabéns!!!!!
Elisângela